sábado, 7 de novembro de 2015

4 Emigração a Medina



Uma vez por ano, gente de toda Arábia se dirigia a Meca para uma festa religiosa. Muitos começaram a ouvir falar sobre Maomé e desejavam escutá-lo pregar. Deste modo, obteve novos seguidores que provinham de outras zonas. Um grupo veio de Medina, uma cidade ao norte de Meca.
Em Medina havia cinco tribos, três judias e duas árabes. No geral, as tribos judias eram mais ricas e contavam com uma melhor educação. As tribos árabes brigavam entre si e também com os judeus, o que havia provocado derramamento de sangue.
Alguns dos árabes de Medina que haviam se convertido ao Islã convidaram Maomé e seus seguidores a que fossem a Medina. Pensavam que podia ser uma influência que lhes unificassem, alguém capaz de trazer a paz às tribos.
No ano seguinte, quando a peregrinação voltou a acontecer, Maomé levou os visitantes de Medina a Aquaba, uma ladeira fora de Meca. Ali lhes prestou um juramento que ficou conhecido como o Juramento de Aquaba. O gesto supunha um trato de se comprometer a lutar até a morte ao serviço de Maomé e em troca disso receberiam a promessa do paraíso. Foi a primeira vez que os ensinamentos de Maomé falavam de ameaça de matar e também coincide com o início do calendário islâmico.
Os coraixitas não tardaram em se inteirar e prepararam um plano para assassinar Maomé. Supunham que se não agissem logo, Maomé regressaria com um exército de Medina e declararia guerra a eles. A maioria dos seguidores de Maomé havia marchado para Medina e com seu tio morto, não restava ninguém para protegê-lo. Maomé se inteirou do plano e fugiu de Meca. Ele se escondeu em uma caverna durante três dias até que passasse a ameaça e depois continuou seu caminho em uma viagem a Medina que durou dez dias. 

Comentários do autor:
Neste ponto da história, Maomé já levava 13 anos como profeta e havia completado um pouco mais da metade de sua carreira como líder religioso. Contava com aproximadamente uns cento e cinquenta seguidores, a maioria dos quais eram pobres e não tinham recebido educação alguma, mas também tinha conseguido arrumar inimigos poderosos. Ainda que Maomé houvesse ameaçado constantemente a seus inimigos (quer dizer, qualquer um que não aceitasse que ele era o único profeta de Deus) com castigos na outra vida, seus ensinamentos eram essencialmente religiosos. Basicamente tratavam sobre como tinham que interagir os muçulmanos com Alá ou com outros muçulmanos, não eram ensinamentos políticos (ou seja, o modo como deviam agir com relação aos não muçulmanos). O Islã tem o costume de dividir as coisas e o Corão não é uma exceção: está dividido em Corão de Meca, que é principalmente um texto religioso e o Corão de Medina, que é de natureza política.
No último capítulo falei sobre o fato de que os muçulmanos estão obrigados a seguir os ensinamentos e tradições de Maomé. Eu gostaria de acrescentar uma série de importantes ressalvas ou do contrario o leitor começará a dizer que conhece um muçulmano que não faz isso ou como é possível que a maioria dos muçulmanos não faça isso.

1)      Nem todo muçulmano segue de forma devota todos os preceitos de sua religião, como acontece em qualquer outro credo. Alguns são muito devotos, outros não. Um muçulmano pode se comportar de um modo que vá de contra os ensinamentos do Islã, por exemplo, se bebe álcool. Isto não significa que o Islã diga que não acontece nada por beber, mas que nem todo mundo segue a norma todo tempo. O Islã pode influenciar aos muçulmanos, mas os muçulmanos não podem influenciar ao Islã.   
2)      Enquanto os muçulmanos devem seguir o exemplo de Maomé. Há uma série de comportamentos que Maomé adotava em seu tempo para conseguir seus objetivos. Estes dependiam em grande parte das circunstância; se eu quisesse ser bonzinho com ele, eu diria que ele foi um “oportunista”. Explicarei isto em detalhes durante o livro, pois é relevante.  Se bem que muitos muçulmanos não seguem os métodos menos agradáveis de Maomé, todo indica que a maioria compartilha suas metas.
Os muçulmanos em geral desconhecem em grande medida os detalhes de sua religião e isto não acontece por acaso. A maioria dos muçulmanos não fala Árabe, e no entanto, seus livros estão escritos em Árabe arcaico e os estudiosos do Islã insistem em dizer que esses livros não se podem traduzir. Esta é uma das razões pelas quais, até pouco tempo, era difícil compreender estes livros (ou inclusive saber quais livros eram importantes) a menos que um estudioso muçulmano ensinasse.

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